Índice
Aqui estão todas as partes do guia, que você pode ler em qualquer ordem:
- Introdução
Sobre mim, como usar este guia e o papel do autoconhecimento.
- Requisitos
Documentos necessários, requisitos mínimos e o processo de envio dos documentos.
- Lista de universidades
Para quais e para quantas universidades aplicar.
- Notas e atividades extra-curriculares
Histórico escolar, indo além das notas e o peso de cada componente.
- Currículo (CV)
Como estruturar e escrever um bom CV e o formato sugerido.
- Statement of Purpose (SOP)
Como estruturar e escrever um bom SOP e o formato sugerido.
- Proficiência em inglês
A prova do TOEFL iBT e como se preparar.
- GRE
A prova do GRE e como se preparar.
- Cartas de recomendação
Para quem pedir, como pedir e como enviar. ← Você está aqui
- Conclusão
Comentários finais.
Em uma das primeiras partes do guia, discutimos sobre como o processo de aplicação para o mestrado no exterior é bem diferente do processo que passamos para entrar nos programas de graduação das universidades brasileiras. A principal diferença que foi levantada é o fato de o processo de avaliação para o mestrado ser holístico. Sendo a avaliação holística, isto é, global, os programas tentam construir uma imagem completa de você como candidato, sob diferentes óticas a fim de tomarem uma decisão bem informada.
Por meio de alguns documentos, como seu histórico escolar, suas notas no GRE e no TOEFL iBT, o comitê consegue começar a enxergar objetivamente qual o seu perfil. Em seguida, a partir do seu CV e do SOP, a imagem vai se tornando mais nítida e os programas sabem, em um nível menos objetivo, o que você pensa de si mesmo e qual a sua motivação. A peça que está faltando para fechar esse quebra-cabeça é uma visão externa de quem você é.
Essa visão externa é dada pelas cartas de recomendação.
Para quem pedir as cartas de recomendação?
Os programas de mestrado no exterior, no geral, exigem de 2 a 3 cartas de recomendação. Tais cartas costumam ser escritas por professores que te conhecem bem e que têm a competência de fornecer mais informações sobre você, sobre como você trabalha e possivelmente até sobre uma comparação entre você e alguns dos alunos e ex-alunos da sua universidade.
Boa parte dos programas aceita que uma fração das cartas de recomendação seja escrita por pessoas que te geriram em um ambiente profissional, como o seu (ex-)chefe ou (ex-)gestor. Essa é uma ótima opção para quem já está há um tempo no mercado de trabalho e longe do ambiente acadêmico.
Vale ressaltar que, para programas de mestrado acadêmico, as cartas de professores são as preferíveis. Por outro lado, para programas profissionais, acredito que as cartas dos seus superiores no contexto profissional sejam mais valiosas.
Ao longo da graduação, temos contato com dezenas de professores diferentes. Como você deve selecionar quem são os seus recommenders?
Boas cartas são as de professores que te conhecem bem, enquanto uma carta fraca demonstra que o professor não te conhece particularmente bem e não consegue fornecer detalhes adicionais sobre você. Nessa linha, é importante enfatizar que, por via de regra, é preferível ter uma carta de um professor que te conhece bem a ter uma carta genérica de um professor "famoso".
Um exemplo de carta genérica é a de um professor (possivelmente bem conceituado) que ministrou uma matéria que você cursou e foi bem, mas que nunca trabalhou diretamente com você e mal te conhece. Uma carta cujo conteúdo gira apenas em torno do fato de você ter cursado uma matéria e ido bem não acrescenta muito para o comitê de avaliação. Eles têm acesso ao seu histórico escolar e já sabem das suas notas em todas as disciplinas. Para ajudá-los a construir uma imagem mais completa do seu perfil, eles precisam de informações adicionais e relevantes.
Por outro lado, tal carta se tornaria forte se o professor te conhecesse bem e a matéria fosse uma matéria chave para a área na qual você deseja se especializar. Nesse caso, ele poderia falar sobre como a matéria ministrada costuma ser desafiadora para os alunos da graduação por envolver conceitos novos, sobre como você sempre demonstrou interesse e participou das aulas, sobre como os seus trabalhos se destacaram e você trabalhou bem em equipe e sobre como você tirou uma das notas mais altas da turma e estaria preparado para seguir estudando tal área mais a fundo.
Na hora de escolher, tente pensar se o professor teria informações adicionais e relevantes para falar sobre você que não necessariamente estejam nas demais seções da aplicação.
Para facilitar a escolha, a seguinte lista pode te ajudar a pensar e escolher para quem pedir suas cartas de recomendação (os primeiros são preferíveis aos últimos):
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Seu orientador do trabalho de conclusão de curso;
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Seu(s) orientador(es) de projetos de pesquisa;
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Professores de quem você foi monitor;
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Professores que ministram matérias importantes nas quais você se destacou;
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Um professor com os qual você cursou uma matéria qualquer.
Se um mesmo professor se encaixar em mais de um dos pontos acima (por exemplo, um professor que te orientou em um projeto de pesquisa e que já ministrou uma matéria que você se destacou), melhor ainda! Ele está em uma ótima posição para retratar muito bem o seu perfil como estudante.
Assim que você tiver um certo nível de certeza sobre quem serão os responsáveis pelas suas cartas, marque de conversar com eles. Explique que você está querendo aplicar para o mestrado no exterior e pergunte se ele poderia escrever uma boa carta de recomendação para te ajudar na aplicação. Os professores estão acostumados a escrever cartas de recomendação, então cada um tem o seu próprio processo. Uns vão querer saber mais sobre o programa ou sobre os seus planos futuros, outros vão querer saber mais sobre o que você gostaria que fosse enfatizado na carta enquanto alguns não vão pedir nenhuma informação adicional.
Converse com esses professores com antecedência e deixe claro quais são os prazos. Os professores costumam ter uma rotina repleta de prazos e tarefas. Se o professor aceitar escrever uma carta de recomendação para você, se ofereça para lembrá-lo quando o prazo estiver chegando.
Como as cartas de recomendação são enviadas?
Agora que você já sabe para quem pedir as cartas de recomendação, vamos discutir sobre como essas cartas são enviadas para as universidades no exterior.
Para a maioria dos programas de mestrado no exterior, no portal de aplicação online, há uma seção específica para as cartas de recomendação. O que é mais comum nessa seção é que você preencha algumas informações sobre quem vai escrever as suas cartas, como nome completo, afiliação, título e email. A partir desses dados, a universidade no exterior deve enviar um email para quem vai escrever a carta com um link para que ele(a) faça o upload da carta de recomendação.
Nesses casos, é comum que haja no portal de aplicação um checkbox que pergunta se você quer ou não ter acesso à carta enviada. É de extrema importância que você abra mão de ler as cartas de recomendação enviadas.
Eu sei que bate uma curiosidade de saber o que os professores estão escrevendo sobre você, mas é importante que você dê a liberdade para que eles sejam sinceros e mostre para a universidade no exterior que você não tem nada a esconder.
Não se preocupe muito com cartas negativas. No geral, se o professor não tiver informações que ele acredite que te ajudem no processo, ele vai simplesmente se recusar a escrever a carta após a conversa inicial. Se ele topou escrever uma carta de recomendação, ele muito provavelmente acredita que consegue te ajudar.
Em algumas universidades (principalmente na Europa), você mesmo deve fazer o upload da carta. Nesse caso, o professor deve te enviar um PDF da carta de recomendação e você mesmo faz o upload no portal de aplicação online.
Acredito que essa última forma esteja caminhando para o desuso, uma vez que é mais seguro e confiável que a carta seja genuína se o próprio professor fizer o upload sem que o candidato interfira no processo.
Resumo
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As cartas de recomendação para o mestrado no exterior têm o papel de fornecer uma visão externa de quem você é e como você trabalha para o comitê de avaliação das universidades no exterior.
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O mais comum é que os programas exijam de 2 a 3 cartas, que são escritas por professores que te conhecem bem.
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Geralmente, parte das cartas pode ser escrita por alguém que te supervisionou no contexto profissional. Para programas de mestrado acadêmico, porém, as cartas de professores costumam ser preferíveis.
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Cartas boas são aquelas que fornecem informações novas e relevantes sobre você, as quais não necessariamente estão presentes nos demais documentos que compõem a aplicação.
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Use a lista sugerida para te auxiliar a escolher quem serão os responsáveis pelas suas cartas de recomendação.
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Converse com os seus professores com antecedência e pergunte se eles podem ser seus recommenders.
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De forma geral, as cartas são enviadas diretamente pelos professores para as universidades.
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É muito importante que você abra mão de ler as cartas fornecidas, se essa opção estiver disponível.
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Em alguns casos, você mesmo deve fazer o upload das cartas no portal de aplicação online da universidade, mas acredito que este método vá caminhando para o desuso no futuro.
Próxima parte: Conclusão