Requisitos

Gustavo Cid (@_cgustavo)

Índice

Aqui estão todas as partes do guia, que você pode ler em qualquer ordem:

O processo de aplicação para o mestrado nas universidades estrangeiras é muito diferente do processo de admissão para a graduação que passamos no Brasil. Enquanto para a graduação no Brasil fazemos apenas provas de admissão, como o vestibular ou o ENEM, a avaliação para o mestrado no exterior é feita de forma holística. Sua vaga no mestrado não depende apenas do resultado de uma prova, mas sim do seu perfil como um todo. Dessa forma, importam as suas notas ao longo de toda a graduação, as atividades com as quais você se envolveu nesses últimos anos (como projetos de pesquisa, monitorias, estágios, etc.), o que os seus professores pensam de você, quais são seus objetivos futuros, dentre vários outros fatores. 

Sendo a avaliação holística, ela é, intrinsecamente, um tanto quanto subjetiva. Infelizmente para alguns e felizmente para outros, existe uma certa aleatoriedade inerente ao processo de admissão para o mestrado nas principais universidades no exterior. Existem formas de tentar conviver e minimizar a influência desse fator aleatório, que serão abordadas nesta e em outras partes. Porém, é importante sempre manter em mente que a aleatoriedade faz parte do jogo e que, às vezes, você pode fazer tudo certo e ainda assim ser rejeitado pela universidade dos seus sonhos. Dessa forma, acredito que seja fundamental dar o seu melhor em todos os fatores que dependem apenas do seu esforço e tentar não pensar demais nos fatores que estão fora do seu controle.

A admissão para o mestrado no exterior também é significativamente diferente do processo de admissão para a graduação no exterior. Cada país possui seu próprio sistema para a admissão na graduação com peculiaridades próprias. Entretanto, dentre muitos estudantes brasileiros, existe uma falsa impressão que o processo de admissão para os mestrados no exterior é semelhante ao processo de admissão para a graduação nas universidades americanas. 

Sim, o processo de admissão na graduação para as universidades americanas também leva em conta diversos fatores e não só a nota em determinadas provas. Porém, na graduação, as universidades dos EUA selecionam pessoas com perfis que se encaixam nos perfis de cada universidade. Com isso em mente, para a graduação nos EUA, é interessante se apresentar como uma pessoa bem equilibrada, com múltiplos interesses e atividades extracurriculares que demonstrem o seu perfil. Por outro lado, no mestrado no exterior, espera-se que você já tenha delimitado melhor quais são seus interesses acadêmicos e tenha uma noção das suas aspirações profissionais. Pouco importa se você pratica um instrumento nas horas vagas. Pouco importa se você participa de várias atividades extracurriculares simultaneamente se elas não estiverem conectadas com o que você deseja fazer no futuro. Pouco importa se você pratica algum esporte regularmente. 

Para o mestrado no exterior nas melhores universidades do mundo, você tem que se apresentar como uma pessoa comprometida (principalmente com as atividades relacionadas ao meio acadêmico) e que tenha uma noção do que você almeja fazer no futuro. É preciso conectar suas ambições pessoais com o programa de mestrado e mostrar que o gap entre onde você está e onde você quer chegar vai se tornar menor após o programa almejado. Além disso, é interessante mostrar que você vai gerar valor para a universidade, tanto em seu período como estudante quanto futuramente, depois de sair de lá. 

Documentos necessários

Cada universidade tem seus requisitos mínimos e uma lista de documentos que devem ser fornecidos para avaliação. Esses padrões variam de universidade para universidade e de programa para programa. Este texto foca nas principais universidades da Europa e dos EUA, que são as que tenho maior familiaridade. 

A lista detalhada dos requisitos mínimos, dos documentos necessários e de como fornecer tais documentos pode ser encontrada no site de cada universidade. Essa lista também pode variar dentro de uma mesma universidade para programas de mestrado diferentes. Alguns cursos requerem mais ou menos documentos do que os outros. 

De forma geral, os documentos necessários para a aplicação para o mestrado no exterior são:

Para encontrar a lista de documentos exigidos pela universidade que te interessa, procure o site oficial do departamento para o qual você quer aplicar e navegue para a página que fala sobre o(s) programa(s) de mestrado oferecido(s). Lá você vai encontrar em detalhes as informações sobre os documentos necessários.

Nas próximas partes do guia, analiso extensivamente cada documento necessário. Os comentários que faço a respeito de cada um deles são baseados na minha experiência pessoal, na de amigos que também passaram pelo processo de admissão e na de alunos e ex-alunos das universidades no exterior. 

Requisitos mínimos para o mestrado no exterior

Para alguns dos documentos acima, certas universidades exigem padrões mínimos para que o candidato seja considerado para admissão. É importante ressaltar que os requisitos mínimos servem apenas para você não ser eliminado automaticamente e passar pelo filtro inicial. Os valores mínimos não devem servir como meta, eles são apenas o piso. 

Algumas universidades são mais flexíveis com um ou outro requisito, mas para ter boas chances de admissão, caso você esteja um pouco abaixo de um deles, você deve tentar ao máximo compensar essa fraqueza com outros pontos mais fortes nas demais seções da aplicação. Por exemplo, se você tem a média de notas na graduação um pouco abaixo do mínimo requerido pela universidade no exterior, você pode compensar essa fraqueza com uma nota altíssima no GRE, mostrando que você tem muita experiência de pesquisa ou até explicando melhor no seu SOP o porquê das suas notas não serem tão altas (falta de foco no início do curso, mas depois foi se encontrando? problemas de saúde ou pessoais?).

Vale comentar que dizem que algumas universidades utilizam filtros automáticos para a fase inicial de avaliação (apesar de eu nunca ter visto essa informação vinda de uma fonte oficial de nenhuma universidade). Isso significa que pode ser que a universidade filtre e elimine automaticamente, por exemplo, todos os candidatos com uma média na graduação abaixo de um certo valor X ou com uma nota na prova de proficiência abaixo de Y. Dessa maneira, caso você esteja abaixo do threshold estabelecido pela universidade, você pode ser eliminado automaticamente sem que ninguém do comitê de avaliação efetivamente leia sua aplicação.

Geralmente, as universidades da Europa e EUA possuem os seguintes requisitos mínimos:

  • Média final na graduação de aproximadamente 75% ou um GPA (grade-point average) de 3.0 em uma escala de 4.0;

  • Ter cursado algumas matérias na graduação que servem de pré-requisito para o mestrado. Quando este é o caso, a lista pode ser encontrada no site do programa de mestrado de interesse. Se você está aplicando para um programa de mestrado no mesmo curso que você fez a graduação, isso não costuma ser um problema. Por outro lado, se você possui graduação em engenharia elétrica e deseja aplicar para o mestrado em computação, matemática, economia, etc. pode ser que a universidade no exterior exija matérias que você não cursaria naturalmente ao longo da graduação, portanto fique atento para respeitar esses pré-requisitos;

  • Limite de palavras ou páginas para o SOP. Em geral, aceitam até 2 páginas, mas algumas universidades possuem limites de apenas 1000 palavras ou de apenas 1 página;

  • Para o TOEFL iBT, muitos programas exigem notas acima de 100/120. Para o IELTS, as notas mínimas são próximas de 7,5/9,5. Algumas universidades são mais flexíveis com essas notas do que outras;

  • Algumas universidades dos EUA possuem uma nota mínima para o GRE, especialmente para a seção quantitativa_._ Em geral, as universidades no topo do ranking recomendam fortemente que sua nota esteja perto do percentil 95 (isto é, que a sua nota seja mais alta do que 95% das pessoas que fazem o GRE).

Reitero aqui que é sim possível passar sem atingir algum (ou alguns) dos requisitos mínimos. A condição é que não esteja muito abaixo do mínimo e que ele seja compensado ou justificado em outras seções do processo de aplicação. 

Envio dos documentos

“Aplicar”, que me refiro ao longo de todo o texto, consiste no envio dos documentos para que a universidade no exterior te considere para o mestrado. As aulas na maioria dos programas no exterior começam em Agosto/Setembro. Assim, você deve aplicar, isto é, fornecer os documentos para a universidade, durante o período de aplicação, o qual costuma ser de Setembro/Outubro até Dezembro do ano anterior ao início do programa ou Janeiro do ano de início do programa. Algumas universidades possuem prazos um pouco distintos, mas a grande maioria cai dentro desse intervalo. Uma minoria de universidades oferece programas começando em Janeiro. Para tais universidades, o período de aplicação é diferente.

Timeline da aplicação

Cada universidade exige que os documentos sejam fornecidos de acordo com certos padrões e a partir de um meio específico. Os padrões de cada universidade podem ser sempre encontrados em seus sites, mas, como regra geral, tem-se:

  • Todos os documentos que não são emitidos originalmente em inglês (ou nas línguas especificadas pela universidade no exterior) devem ser traduzidos por um tradutor juramentado. Caso o documento já esteja originalmente em uma das línguas especificadas, pode ser necessário o envio do documento em português e na língua especificada;

  • As notas do TOEFL iBT e do GRE devem ser enviadas oficialmente pela ETS (que é a empresa que organiza essas provas). Esse envio é feito a partir da sua conta usada para se registrar nas provas, inserindo o código da universidade para qual você deseja enviar sua nota. Você deve pagar um certo valor para que a nota seja enviada. Mais detalhes são dados mais adiante no guia;

  • Para as cartas de recomendação, é bom que elas estejam assinadas por quem as escreveu. Para algumas universidades, você mesmo envia as cartas, para outras, você indica o e-mail do professor que escreverá a carta e ele mesmo faz o envio.

Atualmente, para a grande maioria das universidades, o processo é completamente eletrônicoe feito pelo portal específico da universidade. Isso significa que você se cadastra no site indicado pela universidade, preenche alguns campos com informações básicas a seu respeito e faz o upload dos documentos necessários. Por exemplo, no espaço para o upload do histórico escolar de graduação, você deve escanear seu histórico e enviá-lo como PDF. O mesmo vale para alguns dos demais documentos. 

Para algumas universidades, tem-se um híbrido de envio eletrônico e de cópias físicas. Isso significa que, para alguns lugares, você deve preencher os campos no site, fazer o upload dos documentos e enviar pelo correio alguns documentos originais. Por exemplo, pode ser necessário fazer o upload de diversos documentos no site da universidade e enviar o histórico escolar original pelo correio para o endereço da universidade fornecido no site.

Para alguns poucos lugares, o processo ainda é feito completamente pelo correio. Imagino que com o passar dos anos, cada vez menos universidades exijam que os documentos sejam fornecidos dessa maneira. Porém, é importante verificar no site da universidade como devem ser enviados os documentos pelo correio. Por exemplo, todos os documentos devem ser os originais? São válidas cópias autenticadas? O que são consideradas cópias autenticadas? As cartas de recomendação devem estar em envelopes lacrados? Dentre outros detalhes.

Resumo

  • O processo para a admissão no mestrado nas universidades do exterior exige o envio de vários documentos. Não é só fazer uma prova;

  • A lista de documentos varia de acordo com o programa e com a universidade. Em geral, os documentos necessários são os indicados na seção Documentos necessários desta parte do guia. A lista completa pode ser consultada no site do programa de seu interesse;

  • Existem requisitos mínimos para algumas partes da aplicação. Tais requisitos nem sempre são completamente rígidos, mas é melhor obedecê-los;

  • Para a maioria das universidades, a aplicação consiste no envio dos documentos exigidos de forma eletrônica. Algumas universidades podem exigir o envio cópias físicas de documentos pelo correio.



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