Currículo (CV)

Gustavo Cid (@_cgustavo)

Índice

Aqui estão todas as partes do guia, que você pode ler em qualquer ordem:

Na última parte, falamos sobre algumas das atividades que você pode se envolver durante a graduação a fim de aumentar suas chances de ser aceito em um programa de mestrado no exterior. Agora, como você vai mostrar para as universidades com o que você se envolveu nesses últimos anos?

A resposta é: pelo CV.

A grande maioria das universidades exige o envio de um CV. Tal documento é extremamente importante, uma vez que ele fornece uma visão geral das atividades com as quais você esteve envolvido

Ênfase para "visão geral". Acho que a seguinte analogia pode ser útil.

Se todos os documentos que você envia para o processo de aplicação formassem um livro, o CV seria o índice. No CV, você vai mostrar por alto quem você é como candidato e, como um índice, dá apenas uma prévia do que está por vir, sem entrar em muitos detalhes.

Dessa forma, o primeiro (e talvez mais importante) comentário que tenho a respeito do CV é: faça um CV de apenas uma página.

Os avaliadores nas universidades do exterior vão olhar rapidamente para o seu CV e tentar identificar seus pontos fortes. Eles não vão ler em detalhes tudo o que você escreveu, então não faz sentido explicar extensivamente os seus projetos de pesquisa ou qual a missão do seu trabalho voluntário. Foque nos resultados

Dependendo do número de atividades que você participou ao longo da graduação, pode parecer loucura colocar tudo em apenas uma página. Minha sugestão é que você corte detalhes menos importantes. Pense no que é mais relevante para a sua avaliação para um programa de mestrado.

Se você acredita que já removeu todos os detalhes menos relevantes, você pode passar para outras técnicas. Diminua um pouco o tamanho do cabeçalho. Aumente um pouco as margens. Diminua a fonte do seu nome. Claro, sem prejudicar demais a estrutura do currículo.

Lembre-se: o avaliador vai ler seu CV em poucos segundos e tentar, nesse curto tempo, destacar seus pontos fortes.

Não se preocupe se alguma coisa ficar de fora. Por meio dos outros documentos da aplicação, como o histórico escolar, as cartas de recomendação e o Statement of Purpose (SOP), você vai conseguir se aprofundar e retratar diferentes perspectivas de suas experiências. Lembre-se: o CV é apenas o índice do livro, a parte mais densa virá nos demais documentos da aplicação.

Agora que você já sabe como pensar a respeito do seu CV, é hora de colocar a mão na massa. A pergunta que naturalmente surge é: em qual software escrever o CV?

Pessoalmente, eu fiz no LaTex, porque gostei bastante de alguns templates que tinha encontrado no Overleaf. Alguns dos templates que acho interessantes são: template 1, template 2, template 3 e template 4, mas lembre-se de editá-los para usar as seções que são mais interessantes e remover os detalhes que não são muito bons.

O problema do LaTex é que ele tende a ser um pouco menos flexível. Como eu tive que usar todas as técnicas que citei anteriormente para fazer com que tudo coubesse em uma só página, gastei bastante tempo pesquisando na internet como diminuir levemente o tamanho do cabeçalho, aumentar só um pouco as margens etc. Você pode fazer no Word ou em outro editor de texto qualquer. Neles, é bem mais fácil alterar com uma precisão milimétrica todos esses parâmetros de formatação.

No fundo, não importa onde você escreve o seu CV. No final, você terá que enviar um PDF pelo portal da universidade. Contanto que você gere um PDF no final, está tudo bem. 

Outra dica: mantenha um CV limpo.

Evite usar muitas cores, logos de empresas, bandeiras de países, gráficos e diagramas. Essas formatações muito elaboradas podem até ser interessantes para algumas áreas, como publicidade, mas certamente não são a melhor escolha para quem é de engenharia.

Seções do CV

Existem diferentes formas de organizar as seções do seu CV. Há, ainda, diferentes seções que podem ser incluídas ou não a depender do seu perfil.

Vou sugerir uma forma de organizar o seu CV, que foi a que utilizei. Acredito que esta formatação é muito boa, principalmente se você for de uma área em engenharia e tiver o perfil mais acadêmico (que era o meu caso).

Education

  • Usar como a primeira seção do seu CV.

  • Colocar universidade no Brasil e universidades de intercâmbio. No geral, não colocar a escola de ensino médio.

  • Para todas as universidades, colocar o nome do programa (por exemplo, B.Sc. in Electrical Engineering), sua média final (GPA) — se isso for te ajudar — e, possivelmente, algumas matérias relevantes que você cursou (Relevant coursework).

Experience

  • Listar estágios, pesquisas, monitorias e trabalhos voluntários. Acredito que uma linha descrevendo de forma geral o que você fez e uma (ou duas) linha(s) descrevendo o principal resultado sejam suficientes para cada uma das suas experiências.

  • Caso você tenha muitas experiências de pesquisa e de monitoria e não tenha experiências profissionais relevantes (que era o meu caso), pode dividir em duas seções: Research experience e Teaching experience

  • Caso você tenha muitas experiências profissionais, pode separar em Professional experience.

  • Já vi alguns CVs, principalmente na área de computação, em que as pessoas têm muitos projetos independentes e relevantes. Se esse for o seu caso, você pode dividir essa seção em Professional ou Research experience e em Projects.

Publications

  • Se você tiver publicações em conferências ou em periódicos, excelente! Caso tenha apenas relatórios finais para os seus projetos de pesquisa, acredito que não seja relevante listá-los aqui.

  • Caso não tenha publicações, não coloque essa seção no seu CV.

Scholarships & Awards

  • Listar bolsas e prêmios.

  • Exemplos de bolsas e prêmios são as bolsas de iniciação científica, prêmios em olimpíadas (mesmo as de antes da graduação), prêmios em hackathons, bolsas de alguma outra instituição, etc.

Selected skills

  • Listar linguagens de programação, softwares que domina (qua sejam relevantes para a sua área) e línguas que fala.

Os meus comentários finais sobre o CV são que, primeiro, você também deve ficar atento às orientações do programa que você está aplicando. Alguns programas dão instruções específicas do formato ou do tipo de informação que eles esperam em alguma seção. Por exemplo, um dos programas que apliquei pedia que quando falasse sobre os idiomas, indicasse o nível de acordo com o Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas, isto é, indicar com A1, A2, B1, B2, etc. o meu nível de fluência.

Além disso, fique atento aos costumes do país que você está aplicando. Por exemplo, na Suíça, é comum colocar uma foto 3x4 profissional no CV. Em outros países, tal prática é mal vista. Pessoalmente, não coloquei foto em nenhum dos meus CVs e hoje faria o mesmo. Dessa forma, acredito que essa seja a escolha mais segura.

Resumo

  • O CV é como você passa uma visão geral das experiências que você se envolveu até o momento.

  • Lembre-se: se todos os documentos que compõe a aplicação formam um livro, o CV é o índice. Ele dá apenas uma prévia dos detalhes que estão por vir nos outros documentos da aplicação.

  • Os avaliadores vão ler o seu CV em poucos segundos e tentar identificar se você é um candidato forte. Logo, seja breve e foque nos resultados.

  • Você pode escrever o CV no software da sua preferência, contanto que gere um PDF no final.

  • Tenha um CV limpo e organizado. Evite (como regra geral) usar muitas cores, diagramas, logos, frases motivacionais, etc.

  • Existem diferentes formas de organizar um CV. A forma que sugiro aqui é mais adequada para quem é de uma área dentro de engenharia, com o perfil mais acadêmico e aplicando para um programa de mestrado acadêmico.

  • Fique atento às instruções específicas do seu programa para o CV.



Próxima parte: Statement of Purpose (SOP): descrevendo as suas experiências

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