Introdução

Gustavo Cid (@_cgustavo)

Índice

Aqui estão todas as partes do guia, que você pode ler em qualquer ordem:

Sobre mim

Meu nome é Gustavo e recentemente concluí o mestrado em Engenharia Elétrica na ETH Zürich, na Suíça. Fiz a graduação, também em Engenharia Elétrica, na Universidade de Brasília (UnB). 

No final da graduação, apliquei para o mestrado em 5 universidades na Europa e acabei sendo aceito em todas, com bolsa (cobrindo completamente os custos com a universidade e os custos de vida) em algumas delas. As universidades nas quais fui aceito são:

Enquanto me preparava para aplicar, passei muito tempo em fóruns na internet e conversei com amigos que também estavam passando pelo processo. Dessa forma, acabei acumulando bastante conhecimento sobre o processo de aplicação e decidi escrever este guia para ajudar outros estudantes brasileiros que também tenham interesse em estudar fora. Alguns dos meus amigos mais próximos da época de graduação foram aceitos em universidades como: Carnegie Mellon University (EUA), Cornell University (EUA), McGill University (Canadá), TU Munich (Alemanha), University of Illinois at Urbana-Champaign (EUA), dentre outras.

Se me deparasse com essa lista de universidade antes de começar a aplicar, certamente me sentiria intimidado. Existe muito misticismo envolvendo universidades de elite, com uma falsa concepção de que para estudar nesses lugares, você precisa ter uma super inteligência e se destacar em tudo que faz. Não posso falar pelos outros, mas eu certamente não me encaixo nesse perfil. O fato é que essas universidades aceitam centenas de estudantes todos os anos e cada um tem um perfil diferente, com diferentes pontos fortes e fracos. Além disso, independentemente do seu perfil, existem melhorias que você pode fazer na sua aplicação que vão aumentar as suas chances de ser aceito. Este guia vai te ajudar nesse processo.

Público-alvo 

Inicialmente, a minha ideia era simplesmente apresentar o processo de aplicação para o mestrado no exterior, já que muitos estudantes brasileiros pouco conhecem sobre essa possibilidade. Todavia, acredito que este guia contenha mais do que uma apresentação direta do passo-a-passo do processo de aplicação. Assim, o público alvo é composto por qualquer aluno de graduação (principalmente em engenharia ou computação) que considere fazer o mestrado no exterior. Não importa se você está no início ou no final do curso, este guia contém informações úteis para você. 

Se você está no início do curso, tente moldar os seus próximos anos na universidade de forma a se tornar um candidato interessante para as universidades no exterior, se esse for o seu objetivo, é claro. Se você está no final do curso de graduação e prestes a passar pelo processo de aplicação, este guia pode te ajudar dando uma visão geral do processo e com dicas concretas a respeito de como preparar cada uma das partes que compõem a aplicação.

Autoconhecimento

Este definitivamente não é um guia sobre psicologia, porém, me sinto na obrigação de falar sobre autoconhecimento. O autoconhecimento ajuda (e muito!) em todas as etapas do processo de aplicação para o mestrado. Além disso, é uma habilidade importantíssima e que certamente vai melhorar a sua satisfação com a vida em geral. A ideia principal é que você entenda a fundo quem você é, o que te move, os seus valores e sonhos para que, dessa forma, você tome decisões que estejam alinhadas com o que você realmente valoriza.  

Pare para pensar no seguinte. Para que serve um curso de graduação? A meu ver, um curso de graduação serve para formar profissionais em certas áreas que exigem um conhecimento específico e que vão, em seguida, ajudar a manter tais áreas da sociedade em funcionamento. Por exemplo, a nossa sociedade precisa de eletricidade e de telecomunicações para funcionar. Logo, dentre as áreas que pessoas formadas em Engenharia Elétrica estão preparadas para atuar incluem a manutenção e monitoramento da rede elétrica ou da infraestrutura de telecomunicações. Um engenheiro eletricista atua, a grosso modo, na manutenção dos sistemas atuais, na atualização desses sistemas ou ainda em profissões não diretamente relacionadas a engenharia, mas para as quais as habilidades adquiridas durante o curso sejam úteis, mesmo que por “habilidades” nos referirmos ao raciocínio lógico ou à habilidade de aprender coisas novas. 

Se pergunte se esse tipo de atuação te satisfaz. Se a resposta for afirmativa, pode ser que o que te deixaria mais feliz fosse entrar diretamente no mercado de trabalho. Talvez não seja a melhor opção para você continuar estudando, se especializando, se o que te satisfaz é atuar com o conhecimento já adquirido ao longo da graduação. Sem falar no custo de oportunidade do mestrado: enquanto você está estudando no mestrado, você está deixando de trabalhar, de ser promovido e de ir aumentando o seu patrimônio. 

Agora, pare para pensar em para que serve o mestrado. No mestrado, você continua cursando matérias, porém, agora, de uma área mais específica do que as matérias da graduação. Você se aprofunda em um campo e estuda tópicos que provavelmente já ouviu falar na graduação, mas que demandam um nível de abstração mais profundo. Além disso, você aprende mais sobre algumas aplicações avançadas. No geral, você também dedica parte do seu tempo no mestrado à pesquisa, na qual você chega na fronteira do conhecimento atual para um problema específico. Para que servem esses conhecimentos? Um engenheiro com o mestrado pode atuar em aplicações mais avançadas ou com pesquisa e desenvolvimento. Além disso, se você pensa em seguir carreira acadêmica, o mestrado é um grande passo após a graduação (apesar de ser possível ir direto para o PhD sem fazer o mestrado em alguns países). 

No meu caso, eu não queria fazer o que engenheiros eletricistas fazem, porque as atividades da profissão não estão muito alinhadas com quem eu realmente sou. Por exemplo, sempre gostei muito mais da teoria do que da prática. Os mínimos detalhes práticos que são necessários para fazer as coisas realmente funcionarem me frustram (e foi o que eu senti durante parte dos laboratórios do curso de graduação). Eu queria entender os conceitos mais a fundo. Entender como sistemas mais complexos funcionam e onde está a fronteira do conhecimento atual na minha área de interesse. Além disso, considerava a possibilidade de fazer o PhD e o via como um possível próximo passo. Por isso escolhi continuar os estudos no mestrado. 

Vale ressaltar que a visão que estou retratando nesta seção claramente é pessoal e enviesada. Não é possível delimitar fronteiras rígidas em torno do propósito de um curso de graduação, de um curso de mestrado ou das áreas de atuação de uma profissão. Cada um tem uma trajetória não-linear e única, porém acredito que seguir um raciocínio semelhante possa te ajudar a entender melhor se, para você, vale a pena fazer um mestrado no exterior ou não. Tente pensar criticamente por conta própria e chegue nas suas próprias conclusões.

Na próxima parte do guia, dou uma visão geral dos documentos necessários para aplicar para o mestrado no exterior. Além disso, discuto sobre os requisitos mínimos, que muitas vezes são definidos pelas universidades, relacionados a cada um desses documentos.



Próxima parte: Requisitos, documentos necessários para o processo de aplicação.

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